5 top dicas de como comprar ou alugar apartamentos em Amsterdam

Casas Amsterdam

Eu já contei como eu aluguei nosso primeiro apartamento em Amsterdam, incluindo as aventuras de Roy, o corretor, da batalha com a aranha residente e do comércio bem conhecido de Amsterdam localizado exatamente abaixo do nosso cantinho.

Mas desde então, eu mudei umas 450 mil e duzentas vezes (ou pouco menos) aqui na Holanda. Fui e voltei de Haia, mudei e voltei, até que um dia cansei disso tudo e resolvemos comprar nosso apartamento aqui. Sete anos, tava na hora.

Compartilho aqui algumas das curiosidades que acumulei junto com muita tralha que carreguei de um canto a outro dessa Holanda.

Ah, rapidão, antes de começar: nesse artigo quando eu falo de aluguel, é para quem vem morar, não para quem quer passar temporada ou apenas alguns dias. Para quem quer alugar apartamentos para temporada em Amsterdam, o ducs tem esse afiliado aqui!

1. Amsterdam é uma cidade antiga – e seus prédios também

Falando com uma amiga que mora no Brasil sobre apartamentos, eu comentei que tinha visto um novo, construído em 2002. Ela respondeu: “hã, tipo, tem uns 15 anos esse apartamento já.”

Ah é. O conceito de novo é algo relativo, né? Ter trinta anos pode ser um vetusto senhor ou um serelepe gurizinho, depende de que lado dos trinta você está…

Aqui em Amsterdam (e na Holanda toda, claro, quando digo “em Amsterdam” não quero necessariamente dizer “apenas e tão somente em”, estou apenas dando um exemplo), é comum ter prédio passando galhofeiramente dos cem, sem mais aquela, e tem prédio que diz “Rembrandt? Lembro dele, um menino muito talentoso, parece que foi ontem que ele morou aqui pertinho”.

Qualquer coisa construída no século XXI é estalando de novo.

casas Amsterdam: De Pijp

Essas casas não exatamente gritam “Século XXI” pra você né? (Se gritam, procure ajuda)

É claro que há manutenção nos prédios antigos, e em vários casos de antigo resta só a fachada, então tá, sem problemas. Mas prédios novos podem perder em charme e história, mas ganham em comodidades como “elevador”, que é listado como item de luxo em anúncios imobiliários.

Qual você valoriza mais vai de cada um. Ao morar no quarto andar, jovens casais em forma tendem a dar menos valor a elevador do que pais carregados de filhos e compras, que tendem a achar que “charme e história” é poder entrar em casa sem sentir que está planejando um ataque ao cume do Aconcágua guiando uma trupe de pigmeus revoltosos.

Vai de cada um, como eu disse.

Prédios novos tendem a ter melhor isolamento térmico (interessante quando a temperatura externa é mais baixa do que seu freezer, e o aquecimento é uma despesa mensal a ser considerada) e, bem… menos inquilinos indesejáveis.

Por outro lado, morar num prédio daqueles com cara de Holanda, cheio de personalidades e causos pra contar, quem não curte?

Eu tive as duas experiências, e gostei.

2. Você pode comprar o apartamento, mas muitas vezes o terreno é da prefeitura

Lembra aquele ditado “não construa em terreno que não é seu?”… Em Amsterdam é comum o terreno não ser seu, mas da prefeitura, e o povo constrói os prédios mesmo assim.

Isso quer dizer na prática é que o proprietário do imóvel tem que pagar anualmente arrendamento para a prefeitura. Isso é conhecido como “erfpacht”. Você só tem que se preocupar com ele caso esteja comprando. É o dono do imóvel que paga (portanto é o seu senhorio que paga, caso esteja alugando).

Caso esteja comprando o apartamento, o que acontece é que o prédio foi construído sobre terreno da prefeitura, e daí o erfpacht total do pédio é dividido pelos apartamentos, proporcional ao tamanho. Apartamento maior paga mais.

Muitas vezes a construtora, por exemplo, paga o erfpacht por 50 anos, e usa isso como atrativo para vender imóveis no prédio: você não precisa se preocupar com erfpacht até o Buck Rogers nascer.

(Se você não lembra do Buck Rogers, você é novo).

Casas na Holanda

E daquele brinquedinho de tijolinho, “O Pequeno Engenheiro”, você lembra? Diz se aquilo não era uma fábrica de cidadezinhas holandesas…

Olha, isso não é um tratado de lei holandesa, as minúcias são mais complexas que isso. O meu aviso é: ao comprar apê aqui, verifica se não tem uma despesa-surpresa anual esperando por você e seus netos.

Antes de ir: um link com um mapa interativo mostrando todos (sim todos) os prédios da Holanda coloridos por ano de construção, com as datas precisas anotas. Muito bacana, vê lá!

predios_holanda_data

3. Até quem está comprando tem um corretor de imóveis

Na Holanda é comum (embora não obrigatório), o comprador de imóvel ter um corretor (em holandês, makelaar), e a negociação ser feita entre o corretor do comprador e o corretor do vendedor. Cada parte paga o seu corretor.

Lógico que rola de você fazer tudo você mesmo. Se você sabe holandês, tem as moral de negociar com o makelaar do comprador, aplicar pra hipoteca do banco e tudo o mais, você vai economizar dinheiro (mas não tempo).

Só um aviso: os holandeses que estão a vender o imóvel tendem a levar mais a sério propostas vindas através de um makelaar do que diretamente da pessoa expatriada falando com sotaque.

E um makelaar tem outras vantagens: por exemplo, quando você está procurando uma casa, muitas vezes o makelaar tem acesso às ofertas antes dela chegar ao mercado, eles têm contatos e sistemas e pode te dar oportunidade de chegar antes para fazer uma oferta, o que num mercado agressivo como o de Amsterdam pode fazer bastante diferença.

O seu makelaar também vai tentar negociar o preço pra você pagar o menos possível. Na Holanda pechinchar não é da cultura deles, exceto em compra de imóveis. Nesse caso, barganhar é esperado. E o makelaar seu amigo irá pechinchar com o makelaar do vendedor.

O que dá nó na cabeça de expat é que o seu makelaar em geral (nem sempre) ganha uma porcentagem do preço final da casa. Ou seja, ao pechinchar por você ele tá efetivamente diminuindo a comissão dele. Dá pra confiar?

Como ginecologista e psicólogo, é caso de confiar no profissional. Quer uma indicação? Eu indico o meu makelaar, pode ir tranquilão que o cara é não só bom, mas de confiança. O link é esse (não tô ganhando nada por indicar, exceto a gratidão dele).

(Psst, Patrick, ik krijg wel een biertje van jouw, man!)

Se você estiver procurando imóvel para comprar, descubra as alegrias do kadaster.nl

4. Não existe fiador pra aluguel

Quando se aluga apartamento usando imobiliária, o inquilino que paga a comissão deles. Não é sua última despesa: não existe a figura do fiador – aqui é no depósito caução, variando entre um e dois aluguéis.

Como aqui em Amsterdam o mais comum é encontrar apartamento mobiliado (no mercado aberto – não estou abordando nesse artigo os aluguéis sociais), focado em expat, quanto mais cool e in e descolada e novinha é a mobília do dono, provavelmente mais ele vai querer de caução. Acrescente dois gatos na sua família e veja o caução subir instantaneamente. É como mágica.

Ratinho em Amsterdam

Por outro lado, eles lidam muito bem com aqueles inquilinos indeidesjáveis que mencionei lá em cima…

Depois que a pessoa devolve o apartamento, no check-out é acordado quais os reparos devem ser feitos e descontados da caução. O que sobrar é devolvida 30 ou 60 dias depois da saída pro inquilino, vai do seu contrato.

Porém, pode acontecer de o senhorio ter gasto a grana do depósito ao longo desses anos em que o apartamento ficou alugado e aí, sabe cumé, ficar inventando picuinha e problemas que coincidentemente somam um valor total de reparos 34 centavos menos do que o depósito.

Se for com expat deixando o país, então…

…Ah, calma! Também não é assim. Tem casos e casos, e já peguei de todo tipo, incluindo senhorio que pagou tudo certinho de volta sem muito stress.

5. Alugar apartamento com despesas inclusas é comum (mas cuidado)

Em aluguéis, não é incomum o valor do aluguel cobrir todas as despesas básicas (água, luz, gás). O primeiro apartamento que eu aluguei quando cheguei em Amsterdam era muito legal e era nesse esquema. Supimpa para expat recém-chegado que não sabia a frente dessas coisas de como paga e tal.

Só que um belo dia tocaram minha campainha e disseram: “vim cortar a água, o senhor não paga há meses”. Eu fiquei muito indignado, consegui convencer o homem que eu era um expat que pagava muito em dia meu aluguel que incluía tudo e tal. O cara concordou voltar em alguns dias caso eu não regularizasse a situação.

O senhorio do meu apartamento morava em algum outro país da Europa (googlando descobri que era na Bélgica), e eu só lidava com a imobiliária. Liguei na imobiliária e soltei os cachorros (ik laat de honden uit) nos caras. Nunca mais ninguém veio cortar nada e o senhorio me ligou no dia seguinte pra se desculpar.

Tá desculpado, vriend. Porém…

Um dia tocaram minha campainha e atendi pra um senhor de terno, me chamando pelo nome do senhorio “Meneer De Tal? Fulano de tal?”. Ao informá-lo que eu não era o Meneer De tal, o cara perguntou “então quem vem a ser o senhor?”.

“Eu alugo aqui, dele, e o senhor? É quem?”

O cara me disse “eu sou do banco, o Meneer De Tal tem hipoteca desse esse apartamento conosco, e há meses ele não paga. Vim verificar e descobri que, segundo me diz, ele alugou para o senhor e saiu do país, confere?”

“Hã…”

“O que é interessante, sabe, porque os termos de nossa hipoteca com ele especificamente proíbem ele alugar esse apartamento. De todas as formas, deveras agradecido pela sua ajuda. Aqui está meu cartão” E foi-se.

Hora de ligar na imobiliária e laat de honden uit de novo. A imobiliária deu de ombros e disse que, como inquilino, eu estava totalmente protegido pela lei holandesa, que ninguém poderia legalmente me arrancar de lá e que eu não estava, de modo algum, encrencado. Já o Meneer Fulano de tal, bem… esse seria legal começar a atender telefonemas. Mas eu… eu não me preocupasse.

Não me preocupei, e realmente nada ocorreu. Liguei pro telefone do cara que tava no cartão dele um par de meses depois, e ele me disse que “estava tudo resolvido, grato pela sua cooperação”.

Tão tá né? ¯\_(ツ)_/¯

Referências

  • Maior site imobiliário da Holanda: Funda.nl
  • http://nl.wikipedia.org/wiki/Erfpacht

O artigo 5 top dicas de como comprar ou alugar apartamentos em Amsterdam foi retirado de Ducs Amsterdam.


Ducs Amsterdam

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Mude sua vida: como vim morar na Holanda em 8 passos

Desde que criei o blog “como vocês vieram morar na Holanda” é uma das perguntas que mais ouço. Eu contei pedaços da história aqui e acolá, mas o povo quer a versão completa.

Moinhos de vento, canal e bicicleta: motivos para morar na na Holanda

O caminho para morar na Holanda às vezes é comprido, e dura uma vida

Hoje eu vou dar a versão completa de como eu e a Carla mudamos nossas vidas numa série de decisões conjuntas que se interconectaram e resultaram em dois brasileiros morando em Amsterdam.

Esse artigo não é um passo a passo com receita de bolo pra você seguir. Esse artigo é para inspirar você a agir e descobrir seu próprio caminho, mudando sua vida por você mesmo (e matar a curiosidade do pessoal, claro :)).

Os Ducs pagando mico quando vieram morar na Holanda

O processo teve altos e baixos… hehe (Foto: Dirce Alonzo)

Expatriar exige jogo de cintura e muita vontade de ir atrás das coisas você mesmo. Esperar algo pronto é a atitude errada.

Combinado? Então comecemos pelo…

1. O começo: investindo sem ter retorno imediato em vista ou qualquer motivo particular

Eu e a Carla éramos recém casados, dois moleques que juntaram os trapos e casaram por amor e idealismo, teimando contra diversos fatores contra, como falta de dinheiro, por exemplo. A Carla estava no começo de carreira, eu estava mais avançado, então meu salário basicamente sustentava a casa. Mas não sobrava muito.

Com pouca grana pra investir, queríamos aperfeiçoar nossa situação. Nessa época, a  Carla não falava inglês muito bem, na verdade muito pouco. Eu também queria aperfeiçoar meu inglês, só que a grana só dava pra um de nós. Resolvemos investir em aulas particulares para ela, já que meu inglês era melhor já.

Muita gente falava que “inglês é coisa de imperialismo americano, estou no Brasil e falo português”, mas nós sabíamos que aprender outra língua é abrir portas, não apenas profissionais, mas na vida.  E inglês é a língua universal agora, (já foi Latim e Francês). Apertamos o cinto e pegamos as aulas pra ela.

Isso impactou no nosso orçamento por alguns anos. Mas a Carla aprendeu inglês.

2. Percebendo os sinais se acumulando no horizonte e decidindo agir agora

Anos mais pra frente, nós tínhamos vontade de morar fora um dia, mas eu estava cursando USP a noite (Letras inglês, aliás – meu jeito de aperfeiçoar sem gastar muito), esperando um dia mudar de carreira (eu trabalhava em TI, assim como a Carla), para algo que permitisse eu trabalhar de casa e ficar com crianças, caso um dia tivéssemos filhos. Um dia eu queria viver de escrever.

(As pessoas sorriam e falavam “ahã, tá” quando eu contava).

Nossa vidinha seguia na mesma quando veio a ataque do PCC a São Paulo. Eu fiquei desesperado tentando saber da Carla, que estava presa no trânsito da cidade em caos. Uma organização criminosa havia paralisado a maior cidade do país sem muito esforço. Mortes se acumulavam.

Uns meses antes eu havia testemunhado um assassinato – uma pessoa tentou roubar a padaria em frente ao nosso prédio, foi baleada por um segurança enquanto corria. Morreu na calçada. Eu vi tudo.

Esses dois fatos me fizeram pensar, e juntar dois com dois: essa situação não tende a melhorar. Na verdade, tende a piorar e se não existe uma sociedade capaz de me manter seguro, bem… ou eu resolvo viver no estilo velho oeste, cada um por si, ou…

Chamei a Carla, conversei com ela e disse: “é melhor na verdade a gente sair do país o quanto antes. Não dá pra esperar muito. O que você acha?”

Conversamos sobre o assunto e concluímos que era o qu  queríamos fazer.

3. Ligando as antenas a agarrando oportunidades: a decisão de morar na Holanda

Umas semanas depois, A Carla veio me falar de um projeto que estava recrutando há um tempo, mas que ela não tinha se interessado porque envolvia sair do Brasil, mas imediatamente, e como antes nosso plano era eu terminar a faculdade, esperar etc… ela tinha descartado. e nem era um projeto permanente, apenas seis meses.

Além disso era pra um país que nunca sequer havíamos considerado: Holanda.

Mas depois da nossa conversa ela ouviu falar de novo do projeto e resolveu falar comigo.

Pesamos prós e contras: “Holanda, que que tem na Holanda? É só por apenas seis meses, talvez um ano, vale a pena sair só um pouco? Nunca estivemos na Holanda, e quem quer mudar de cara pra um país que nunca pisou antes? E o que vamos fazer dos nossos gatos nesses meses? E…”

Ela resolveu aplicar pra vaga.

KLM Bicicleta

Holanda, aí vamos nós…

4. Hora certa e lugar certo só funciona se você se preparou antes

O projeto estava recrutando há meses, quase ninguém pegava. Por quê? Quase ninguém falava inglês fluente.

A essa altura da carreira a Carla tinha excelente currículum e sempre teve muita competência técnica – mas disseram, sem inglês nada feito.

E ela falava inglês fluente graças ao nosso sacrifício conjunto de anos atrás.

Foi aprovada. Pegamos 4 malas e fomos pra Holanda sem saber direito o que estávamos fazendo.

5. Tem hora que é preciso dar um salto de fé e arriscar mesmo

Eu fui junto, larguei faculdade, larguei tudo, dei pause na vida e segui a esposa pra Holanda. Ia dar certo? Não sabia. Valeria a pena? Não sabia. (Hoje eu sei, mas na época não).

Daniduc recem- chegado na Holanda com as malas

Eu, recém-chegado, sem ter a menor ideia do que eu tava fazendo. (Vai vocês sabiam que eu ia por essa foto! É uma das minhas favoritas!) (Foto: Carla Duclos)

Passada a euforia inicial, deu uma depressão: o que eu vou fazer da minha vida? Mas depressão forte. Estava tendo dificuldade pra me adaptar a um novo país e uma nova vida, ainda mais sem um propósito claro.

Ninguém gosta de ficar parado.

A Carla me disse: essa é a sua chance de mudar de área, aproveite. Faça algo… faça um site! Seu irmão ganha dinheiro com um site.

Eu não sei fazer isso, pensei. Fiquei chateado, comecei a inventar desculpas para falhar: eu não sei fazer, tem que investir muito tempo, a maioria das vezes nào dá certo…

Aí olhei pro blog que criamos só pra falar da nossa vida na Holanda pra amigos e família e…

No mesmo dia sentei no Google e digitei: ‘how to make money online with a blog”. Estava embarcando em mais uma viagem que iria mudar (de novo) minha vida).

daniduc-blogando

Mudar… bastante! (Foto: Carla Duclos)

Comecei a ler e escrever, ler e escrever, noite adentro, dia após dia.

6. As decisões da sua vida se conectam – mesmo que você não veja isso na hora

Os seis meses de projeto foram estendidos para um ano, estávamos pimpões e contentes e aí veio a crise mundial de 2008. BUM! Bem na nossa cara.

Ainda bem que resolvemos adiantar nosso plano… se tivéssemos esperado mais um ano, sentados na segurança do piloto automático, certamente seria mais difícil de ter conseguido com a crise em seu auge.

Estão vendo um padrão? Todas as decisões da sua vida são conectadas – mesmo que você não veja isso na hora.

7. Hora de se comprometer em uma decisão e deixar de ter um pé lá e um aqui

Com a crise, o projeto foi minguando. Hora de decidir: ficar ou voltar. Até então tava fácil: apesar de ser teoricamente uma desvantagem, o lance do projeto ser temporário nos dava segurança: poderíamos voltar sem muito esforço e sempre teríamos uma explicação razoável para não ter dado certo.

“Ah, o projeto acabou”.

Se decidíssemos ficar, teríamos que apostar todas as fichas, assumir claramente o que queríamos e, se não desse certo, não teria muita saída honrosa: investimos e falhamos e teríamos que encarar isso. E, sério, quem quer encarar isso?

E como queríamos ter filhos, havia outras coisas a considerar: queremos criá-los em outra cultura, uma que nenhum dos dois tem ligação, longe da família estendida, falando nativamente uma língua que nós nunca seremos nativos?

Queremos?

Carladuc grávida na Holanda

Como você pode ver nessa foto de uns anos depois, a resposta foi sim, queremos… (Na camiseta está escrito “Loading… please wait” – humor nerd)

Hora de o blog virar renda a sério, para poder pagar as contas – a mordomia do projeto pagando as despesas já era. E se eu fosse procurar emprego tradicional, teria de desistir do meu projeto de viver de escrever e não poderia ficar com os filhos – creche seria a única solução e escrever seria só um hobby.

Hora de apostar todas as fichas.

Apostamos.

Carla arrumou emprego numa empresa na Holanda e o Ducs começou a dar dinheiro.

Iríamos ficar.

Carladuc Daniduc

Dois moleques sem noção fazendo selfie antes de ter celular, só que a gente chamava de “auto foto”. Ainda prefiro, se quer saber… 🙂

8. Sorte é se preparar, se expôr e agir quando surgir a oportunidade; sorte não é algo passivo

Hoje estamos em Amsterdam, temos dois filhos, eu cozinho todo dia, escrevo no blog que é minha fonte de renda (e ganho mais do que ganhava no meu emprego CLT, mesmo corrigindo pra inflação e levando em conta progressão na carreira), a Carla trabalha numa empresa de renome, e seguimos nossa vida.

Foi sorte que moramos na Holanda? Foi sorte que eu posso viver de blog trabalhando durante a noite e ficar com os filhos em casa (e isso quer dizer trabalhar o dia todo)?

Claro que temos sorte de termos nascido em lares que nos deram educação, carinho, apoio, de existir esse projeto, de eu nunca ter passado fome, de eu ter a Carla e ela a mim, de tudo isso e muito mais.

Mas sorte não é só esperar sentado reclamando que os outros conseguiram algo que gostaríamos de ter, como se o mundo nos devesse algo e não estivesse entregando.

Pensar em explicações de porque as coisas não estão acontecendo é natural – ah, me falta tempo pra aprender isso, se ao menos eu tivesse um companheiro, o problema é que…

O problema é que é incerto, arriscado, difícil, trabalhoso pra todo mundo. Eu não aprendi a blogar de um dia pro outro, a Carla não aprendeu inglês de um dia pro outro, tudo isso custou tempo e dinheiro, nós não sabíamos viver em outra cultura e quebramos a cara muitas vezes (e ainda quebramos, acredite), eu tive problemas de saúde, o blog quase fechou um par de vezes.

Mas continuamos. Tivemos sorte?

Se não tivéssemos investido lá no começo sem saber ao certo o que poderia acontecer, se falássemos “oh, só seis meses, não vale a pena ir pra logo voltar”, se tivéssemos resolvido esperar mais um aninho ignorando os sinais, se eu não tivesse passado anos aprendendo a fazer blog noite adentro, se tivéssemos ficado parados, se não tiéssesmos apostado um no outro, nós não teríamos tanta sorte.

Amigos, sorte é uma Dama caprichosa e ocupada, na maioria absoluta das vezes não faz visita a domicílio. Você tem que ir lá fora procurar mesmo.

O artigo Mude sua vida: como vim morar na Holanda em 8 passos foi retirado de Ducs Amsterdam.


Ducs Amsterdam

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